terça-feira, 20 de abril de 2010

Desejo sem fim (part3)


-Ah, é?E quanto tempo vai ficar lá?
Ele pôde ver o esfoço que Gia estava fazendo para ocultar sua decepção e deu de ombros.
Não teria lhe revelado sua agenda mesmo que estivesse a par de todos seus compromissos, pois sua liberdade era tão importante para ele quanto o próprio ar que respirava.
-É impossivel prever. Quinze dias pelo menos. Talvez mais, dependendo do andamento dos negócios.
-Mas que otimo! -disse ela, com o entusiasmo de um agente de viagens. - Espero que a cidade esteja bonita nessa época do ano.
-Está sim - concordou ele.
Gia,porém,se virou e saiu de onde estava,provavelmente á procura das roupas que havia tirado tão deliciosamente,fazendo o corpo de Luca enrijecer ao ver a curva firme e alta de suas nádegas.Foi então que ele compreendeu que ela ainda não havia saído completamente de seu sistema nervoso.Ele passou a lingua pelos labios secos e a deteve na porta.
-Mas eu a verei quando voltar, minha linda.
Era uma afirmação, não um pedido.
Gia se sentiu como qualquer que tivesse servido de alguma coisa por algum tempo...
-Pode ser, se você tiver sorte - disse ela, num descanso que lhe soou bastante convincente.
Ainda nem que ele não estava vendo seu rosto, caso contrario teria, certamente, visto a sua expressão de alivio por saber que ele ia voltar.
Suas mãos estavam tremendo quando ela chegou á sala e começou a recolher suas roupas,perguntando-se como havia se envolvido em algo que já sabia que não teria futuro.
Gia despertou de seu devaneio e olhou para o luxo que a cercava. Ela se abaixou para pegar um dos seus sapatos que havia descartado quando tirara a roupa para seu amante bilionário e suspirou.
Não adianta ficar removendo o acontecido.
Ela não podia mudar o seu passado, mas com certeza podia cuidar do seu presente.
-Gia?
A voz sedosa flutuou no ar.
Gia aproveitou o fato de ter de fechar seus sapatos para ser recompor e poder olhar para ele.
Seus olhos negros pareciam duas pedras preciosas incrustadas em seu rosto de pele cor de oliva.
O coração de Gia se encheu de amor e desejo. Se ao menos ele não fosse tão lindo...
Ela tirou uma escova da bolsa e começou a pentear os cabelos desgrenhados depois da batalha de amor com Luca.
-Sim, Luca? - Perguntou ela tranquilamente.
Ele gostava de ve-la pentear os cabelos. Da primeira vez em que ela soltara para ele, Luca havia lhe dito que eles eram de cor de mel,mas escuro e mas saboroso do que qualquer outro do mundo.
-O carro está esperando lá embaixo. Ainda que comer?
-Sim. Eu não sei por que, mas fiquei com um enorme apetite!
Luca disse para si mesmo: dar um fim nisso vai ser bem mais difícil do que ele havia imaginado
Na manhã seguinte, Gia acordou com o som de uma ducha e a voz de Luca cantando. Ele parecia feliz, pensou melancolicamente - e por que não estaria? A briu os olhos e ficou fitando o lustre que pendia acima daquela cama, enorme como um dossel de diamantes.
A água parou de jorrar e,pouco depois,ele entrou no quarto,completamente nu,secando o cabelo escuro com uma pequena toalha.Seu corpo firme brilhava.Ombros largos,quadris estreitos e pernas peludas.Ele parecia completamente á vontade em sua nudez,mas também,com um físico daqueles,quem não estaria?
Ele olhou para ela em meio aos lençóis emaranhados, curvando a boca num pequeno sorriso.
-Bom dia – disse ele suavemente.
-Bom dia – murmurou ela, espantada por ainda ficar tímida quando ele a olhava daquela maneira, apesar de Luca conhecer seu corpo melhor que qualquer outro homem.
-Estou com tanta preguiça que não sou capaz de mover daqui.
-Ver você deitada assim me dá até vontade de ficar.
Fácil dizer.
-Mas você não pode.
Ele colocou uma cueca preta que aderiu deliciosamente á sua pele.
-É verdade, não posso ficar, tenho que comparecer a uma serie de reuniões assim que chegar lá em Nova York.
-E você certamente será convidado para festas maravilhosas em Nova York.
-Isso também – concordou ele.
-E você vai?
-As festas? – Ele vestiu uma camisa de seda cor de marfim e começou a abotoá-lá. –Às vezes como a maioria das pessoas, quando não estou muito ocupado – por que não iria? – E você, Gia,o que faz quando seu amante não está na cidade?
-Oh, muitas coisas. – Ela afastou uma mecha de cabelo dos olhos. – Vou ao cinema, ás vezes ao teatro.
-Com suas amigas, naturalmente – interronpeu ele, enquanto puxava o zíper da calça.
Algo no tom desdenhoso dele a ofendeu.Quem ele pensava que era?não lhe oferecia,nem prometia nada,e esperava que ela se enfiasse numa sala escura quando ele ia embora e permanecesse lá,esperando avidamente pela sua volta?
-Nem sempre. Eu tenho amigos dos dois sexos.
Luca fixou seus olhos negros brilhantes nela e disparou:
-Homens?
Houve uma pausa. Será que ele achava que eles ainda estavam na Idade média?
-Naturalmente.
-Você se encontra com outros homens?
Gia sentou na cama. Seu cabelo cobria os seios nus.
-Não são encontros! – Protestou ela.Quis dizer,não como os que tenho com você,mas isso soaria falso.Eles não saíam juntos,apenas se encontravam para fazer um ótimo sexo sempre que ele estava na cidade. – São apenas amigos que me fazem companhia ocasionalmente.
Sabe como é.
Ele apertou os olhos, num lampejo de algo que beirava a crueldade.
-Não, eu não sei. Isso não faz nenhum sentido para mim. No meu entendimento, homens e mulheres só têm uma coisa em mente.
É da natureza humana.
Sua voz sedosa apareceu quase... Ameaçadora.
Gia franziu a testa, surpresa pela expressão de acusação estampada nos olhos dele.
-O que você está insinuando, Luca? – Perguntou ela, um pouco hesitante. – Que eu faço sexo com outros homens quando você não está aqui?
-E você faz?
-Eu não acredito que você esteja me perguntando uma coisa dessas, como se eu fosse algum tipo de... Vagabunda!
-Com que tipo de mulher você costuma se envolver, para pensar uma coisa dessas a meu respeito?
O pedido de desculpas veio com certa dificuldade, uma vez que Luca raramente reconhecia que estava errado.
-Reconheço que foi uma pergunta infeliz. Eu nunca deveria ter dito uma coisa dessas.
-Não devia mesmo.
Ele estendeu a mão na direção da dela, percebendo o esforço que ela estava fazendo para não perdoá-lo rápido demais. Gia finalmente cedeu e, com um suspiro relutante, permitiu que ele levasse a sua mão até os lábios e beijasse a ponta de cada um de seus dedos.
-Perdoe-me – murmurou ele contra a pele que ainda trazia o odor da longa noite de sexo que eles haviam compartilhado.
-Você me perdoa?
-Vou pensar no assunto. – Ela assumiu uma expressão séria. – Mas,por favor,nunca mais me acuse de uma coisas dessas outra vez.É injusto e ultrapassado.
-Devo estar de volta no dia 10 – sussurrou ele. – Por que não planeja algo especial para nós nesse dia?
-Eu ligo pra você – Prometeu ele ao atender a chamada, e depois, fazendo apenas o movimento com os lábios, acrescentou: - Logo.
Eles se despediram e ela foi embora.
Gia fechou a porta de casa e olhou ao redor. Ela ainda não o havia recebido devidamente em seu apartamento.
Nunca tinha feito uma refeição lá,nem passado a noite com ela em sua cama,pequena apenas se comparada á dele,como tudo mais.
Sentia-se cada vez, mas apaixonada por Luca.
Depois de uma bela faxina em seu apartamento. Como era bom tirar os móveis do lugar e lustrá-los até deixá-los brilhando. Gia teve a sensação de estar tirando a poeira dos cantos escuros de sua própria mente.
Ele não ligou. Por que estava esperando que ele ligasse? Tinha o telefone dele. Iria ligar pra ele.
Discou o numero, o coração de Gia bateu dolorosamente no peito.
-É... Luca está por favor?
-Ele não se encontra no momento – disse a voz arrastada. – Quem deseja?
-Pode lhe dizer que Gia ligou?
-Claro.
O telefone dela voltou á vida cerca de uma hora depois.
-Você ligou? – perguntou Luca distraidamente.
-Eu o perturbei?
Houve uma pausa.
-Eu estava numa reunião. O que posso fazer por você, Gia?
Seria apenas imaginação sua, ou ele a estava tratando com indiferença?Era por isso que ela sempre esperava que ele ligasse?Algum instinto de preservação daquela frieza arrogante tão contrastante com a paixão ardente que ele exibia na cama?
-Só queria me certificar de que você vem mesmo na sexta.
-Isso mesmo. Sexta estou aí.
-Eu preferia que você viesse á minha casa, Luca.
Outra pausa.
-À sua casa?
-Sim. Vou prepara o jantar para nós aqui no meu apartamento, para variar um pouco.
-Tudo bem. Disse ele.


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